As primeiras traduções de textos bíblicos para o português foram feitas a partir da Vulgata Latina, durante o reinado de D. João I em Portugal a partir de 1343, quando foi traduzido o livro de Atos dos Apóstolos pelos Monges de Cister no Mosteiro de Alcobaça, na cidade do mesmo nome localizada no centro-oeste litorâneo de Portugal.

 

Posteriormente alguns outros livros da Bíblia também foram traduzidos a partir da mesma fonte por diferentes padres letrados durante o reinado de D. João I no século XV. O Evangelho de Mateus foi traduzido por Bernardo de Alcobaça e outros livros do Novo Testamento foram traduzidos por Gonçalo Garcia de Santa Maria. Enquanto isso o rei D. João I, também conhecedor do latim, traduziu o livro de Salmos para o português e também sua neta, D. Filipa traduziu os quatro Evangelhos a partir do francês.

 

Ainda no mesmo reinado, encarregados pela filha do rei D. Isabel de Urgel em 1495, o cronista Valentim Fernandes de Morávia juntamente com Nicolau de Saxónia reuniram a primeira harmonia dos Evangelhos em português intitulada De Vita Christi. Dois anos mais tarde, surgiram novas traduções dos Evangelhos e das epístolas feitas por Rodrigo Álvares em 1497.

 

Em 1505, financiado pela rainha Leonor, esposa do rei D. João II, foram traduzidos e impressos outros livros da Bíblia usando como base também a Vulgata. Nesta ocasião foram publicados Atos dos Apóstolos e as epístolas de Tiago, Pedro, João e Judas, traduções feitas anos antes pelo Frei Bernardo de Brivega. Novamente Valentim Fernandes ficou a cargo desta edição.

 

O livro de Eclesiastes foi traduzido por Damião de Góis e publicado em Veneza na Itália pelo impressor Stevâo (Stefano) Sabio em 1538. O livro ficou desaparecido por mais de quatro séculos até o ano de 2000, quando foi publicado pela Fundação Calouste Gulbenkian em 2002.

 

Muitos destes últimos tradutores foram perseguidos pela Igreja Romana que proibia qualquer tradução da Bíblia para idiomas não autorizados. Em 1536 D. João III instaurou a Inquisição em Portugal e incluiu as versões da Bíblia traduzidas para idiomas vernáculos no Index Librorum Prohibitorum criado em 1559.

 

Ainda na idade média, outras traduções parciais da Bíblia foram feitas para o português por pessoas como o padre jesuíta Luiz Brandão que também traduziu os quatro Evangelhos e o padre Antônio Ribeiro dos Santos que traduziu os Evangelhos de Mateus e Marcos. 

 

Mesmo diante das proibições impostas pela Igreja Romana, a Bíblia não deixou de ser transmitida em português, já que os maiores escritores da época externavam os textos bíblicos em suas obras, como Gil Vicente, Luís de Camões, Frei Heitor Pinto, Frei Amador Arrais, Frei Tomé de Jesus e Samuel Usque.

 

Porém, as proibições provavelmente fizeram com que praticamente não aparecessem outras traduções de textos bíblicos para o português até o século seguinte, quando João Ferreira de Almeida traduziu o Novo Testamento em 1676, publicado em Amsterdã na Holanda em 1681. Ali se dava início a uma nova fase das traduções bíblicas para o português.

 

A crucial diferença das traduções de Almeida feitas a partir do século XVII se deve as fontes usadas como base para sua tradução. Ao invés de usar a Vulgata em latim, por já ser uma tradução vinda do grego, usou os textos originais que aparecem massivamente nas criteriosas cópias dos pergaminhos bíblicos, vindas dos manuscritos originais escritos pelos próprios autores.

 

Estes textos são chamados Texto Massorético para o Antigo Testamento em hebraico e o Textus Receptus para o Novo Testamento em grego. Almeida também usou o mesmo método de tradução usado pelos grandes reformadores, chamado "Método de Equivalência Formal".

 

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